O Carnaval é essa experiência por excelência. Há uma visão corriqueira, influenciada por algumas pesquisas no campo da Antropologia, de que o Carnaval serviria como forma de contenção da população por permitir que, durante alguns dias por ano, as pessoas aliviem as tensões cotidianas e, sobretudo, possam “suspender” as hierarquias sociais que tanto marcam nosso país, tão desigual.
Esses poucos dias, dizem, segurariam mobilizações massivas e fariam com que suportássemos o restante do ano.
Nos perguntamos, se essa visão seria de fato profundamente equivocada, uma vez que o Carnaval, assim como outras festas, é também um ato de crítica política e de resistência, de coragem e amor a cultura.
É esse o espírito que me vem quando penso no desejo de não deixarmos o samba morrer, que traz para cada geração a força que a faria se rebelar ao afirmar que não, o samba não irá tombar, mas sim, poderá tombar se faltar o que há de mais importante, a união, tombará ao deixar as pessoas sem alternativas, deve tombar se não tiver a resistência, a luta e crítica social.
Jorge Sodré/ Carnavalesco