*Rio de Janeiro
Quem diria que esse gigante já teve seus momentos de rejeição em sua trajetória de sucesso, que já foi rejeitado por grandes agremiações do Rio de Janeiro, no início de sua carreira gloriosa.
Entretanto ele brilha como uma estrela real que é, o sorriso largo e franco e sua voz marcante, são sua marca registrada e porque não dizer que o bordão que todos esperam ouvir é dele, “Olha a Beija-Flor aí, gente!”, e por falar em voz quem lembra de “Negra Ângela” um dos tantos sucesso na voz de Neguinho da Beija-Flor.
Existe tempo para tudo e nesta quinta-feira o nome mais comentado na Internet, é o dele, que após 50 anos disse em rede nacional: “É que nesse carnaval de 2025 é meu último Carnaval na Marquês de Sapucaí, e com a Beija-Flor. Em 2025, eu encerro a minha carreira na avenida… A gente morre duas vezes, quando morre mesmo e quando para de atuar. Estou parando depois de 50 anos de Beija-Flor.” E seguiu “O tempo é inimigo da perfeição. O tempo é maravilhoso, tanto é maravilhoso que eu cheguei aos 75 anos. Depois de 50 anos, com essa comunidade, esse momento é difícil”, a emoção aflorando é difícil acreditar que ele vai parar…
Sua emoção era visível, mas Neguinho destacou que é preciso dar oportunidade para outros nomes, assim como ele teve a sua, e que certamente existe alguém que queria ser um “Neguinho da Beija-Flor”.
O interprete fala que no começo da carreira, ele sonhava em ser um JAMELÃO, outro ícone do Carnaval, que esteve à frente do microfone número um da Mangueira, de 1949 (ano em que Neguinho nasceu), até 2006.
Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes, é um dos mais premiados nomes do Carnaval brasileiro, de família musical, nasceu em Nova Iguaçu, em 29 de junho de 1949 e por 6 vezes recebeu os prêmios Troféu Tamborim de Ouro e Estandarte de Ouro, sua história com a BEIJA-FLOR começou após ele chamar atenção de Cabana, que era o compositor da escola e em 1975 Neguinho começou a fazer parte da história da Beija-Flor de Nilópolis. e que contou com a participação em todos os 14 títulos conquistados pela Azul e Branca.
HOMENAGEM NO CARNAVAL DE PORTO ALEGRE
Neguinho da Beija-Flor foi homenageado pela escola de samba Unidos de Vila Isabel, de Viamão, no Carnaval de Porto Alegre de 2024. O enredo da escola foi “Neguinho do Mundo, Flor que a Vila Beija”, a agremiação conquistou o segundo lugar, no Grupo Ouro.
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À minha amada Beija-Flor
O desfile de 2025 marcará minha despedida como intérprete de seus hinos na Passarela do Samba. No próximo Carnaval, escreverei, com a comunidade nilopolitana, o ponto final da trajetória cinquentenária, tempo de muita felicidade e alegria. Vamos atravessar a Passarela do Samba pela derradeira vez, eu com a minha voz e o orgulho de sempre, sustentando a força e a magia de nossa comunidade que brilha no altar dos bambas. Será mais um momento de nosso amor eterno.
Lembro emocionado, querida escola, do início dessa história, quando cheguei jovenzinho para participar da disputa de samba, no inesquecível “Sonhar com rei dá leão”. Joãosinho Trinta, também recém-chegado, criara o enredo sobre o jogo do bicho e eu, então Neguinho da Vala, sonhava entrar para a ala de compositores. O saudoso carnavalesco permitiu que eu tentasse – e deu certo. Com o samba composto por mim, fomos campeões.
De lá para cá, você ganhou 14 carnavais, e me concedeu o privilégio de estar presente em todos. Fomos tricampeões duas vezes, levamos o Cristo mendigo coberto pela censura, na imagem mais conhecida do Carnaval. E o mais importante: inserimos a Beija-Flor de Nilópolis na história da maior festa popular do Brasil. Em lugar de protagonista.
Consolidou-se a Maravilhosa e Soberana, como está no nosso hino-exaltação, “Deusa da Passarela”, que tive a honra de compor. E virou seu merecido apelido no planeta Carnaval.
Por você, venci o câncer, cantando na avenida ainda sob tratamento. Tenho fé que me curei graças a Deus e ao abençoado remédio do Carnaval. Nunca esquecerei como a comunidade me recebeu, na volta aos ensaios, em nossa quadra sagrada. O aplauso e a montanha de carinho estão para sempre tatuados na memória.
Por isso e muito mais, jamais cogitei receber salário da Beija-Flor. Nunca assinei contrato nem me submeti a qualquer burocracia. Nossa relação é única e dispensa protocolos. Costumo repetir que se alguém deve algo, sou eu a você, minha escola. Tenho muito orgulho de carregá-la em meu nome oficial, o da carteira de identidade: Luiz Antonio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes.
Guardo como um tesouro a primeira carteira de integrante da ala de compositores. Está lá a data, 11 de junho de 1975, do começo de tudo. Dos companheiros originais, ainda estão aqui o patrono Anísio Abrahão David e a querida Pinah. Começamos juntos a aventura de conduzir uma pequenina escola da Baixada Fluminense ao panteão das gigantes de nossa cultura popular. E chegamos lá, com a participação de muitos outros sambistas que vieram depois e seguirão rumo ao futuro.
Chegou a minha hora. Em 2025, cantarei a exaltação de meu parceiro Laíla – a quem conheci ainda antes do primeiro Carnaval, na lendária roda de samba do Bola Preta –, como epílogo dessa odisseia que durou meio século de folia e felicidade. Superou muito meus melhores sonhos. E continuarei lhe amando. Você pode contar comigo por toda a eternidade.
Obrigado por tudo, minha escola, minha vida, meu amor.