Eu, diferente de grande maioria de pessoas que participam do carnaval, não tenho uma família de origem carnavalesca. Os meus primeiros contatos com a folia, foram ainda na infância por volta dos meus 7 anos, quando na época era exibida pela Rede Globo a novela Senhora do Destino, e dentro da trama existia uma Escola de Samba fictícia. Logo aquele universo carnavalesco começou a despertar a minha atenção, principalmente o que dizia respeito ao barracão da Escola de Samba, foi então que comecei a reproduzir através dos meus brinquedos, alegorias e fantasias.
E a brincadeira da infância começou a ganhar proporções ainda maiores quando em 2012, com apenas 14 anos, tive a oportunidade de integrar a comissão de Carnaval da Escola de Samba Canoense Rosa Dourada. Nesta oportunidade a Escola ainda buscava o seu primeiro campeonato, e para o Carnaval do ano seguinte (2013), levou para a avenida o enredo “Rosa Dourada em busca do tesouro perdido”, mal poderíamos imaginar que esse seria o ano do seu primeiro campeonato, com o qual eu tive a honra de contribuir com as minhas ideias e criações, também foi ali que eu pude provar a mim mesmo que apesar da pouca idade, eu era capaz, e que em um futuro não muito distante eu poderia alcançar o meu maior sonho, estar a frente de uma escola no grupo especial do Carnaval de Porto Alegre.
Passou-se o Carnaval de 2013, e eu fui me tornando ainda mais presente na Acadêmicos de Gravataí, onde conheci pessoas que acreditaram em mim e apostaram no meu talento. Após ser apresentado a presidente da escola, na época a Rita Bittencourt, as portas da Onça Negra de Gravataí foram abertas a mim, e a escola deu asas aos meus sonhos Carnavalescos, daquele momento em diante eu comecei a construir aos poucos o profissional que eu sou hoje.
Mas, como a rotina dentro de um barracão não é exatamente como eu via na novela Senhora do Destino, foram surgindo os imprevistos, aqueles problemas típicos de todas as Escola de Samba, e são nesses momentos que o nosso talento e a nossa criatividade são colocados a prova, o artista tem que se reinventar e tirar da cabeça, o que do bolso não dá!
Rafael H. Saraiva