PORTO ALEGRE | GRUPO OURO
CONFIRA A SINOPSE DO ENREDO DA IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA PARA 2025
A Imperatriz Dona Leopoldina divulgou a sinopse de seu enredo para o Carnaval do próximo ano: “A Cor do Futebol – A Imperatriz Marca um Gol Contra o Preconceito Racial”.
Confira:
“A Cor do Futebol – A Imperatriz Marca um Gol Contra o Preconceito Racial”
Setor 1 – O ESPORTE ELITISTA TRANSFORMADO PELO POVO PRETO
No início do século XX o Foot-ball era um esporte elitista, branco e eurocentrado, tendo a participação dos pretos e pobres vetada. O racismo estrutural do país deixava “claro” que era proibido ser “de cor”.
O mesmo país que reproduziu este estigma, outrora viu crescer, em resposta a elitização deste esporte, o ‘futebol de várzea’ e as Ligas Negras, as quais destacou-se a Liga Nacional de Football Porto-alegrense”, conhecida pejorativamente como Liga da Canela Preta.
Os times que compunham a Liga, eram formados por homens negros que, na sua grande maioria, atuavam, fora dos campos, em ofícios atribuídos aos humildes e provindos dos redutos da comunidade negra.
O verdejante gramado, nascido da terra que possui o mesmo tom da pele daqueles que sobre ela correm, concebe o palco onde os jogos da Liga dos negros aconteciam, na várzea, do extinto bairro negro da Ilhota.
A invulgar pele negra, em todos os seus tons, reluzia sob o sol que iluminava os corpos dos atletas protagonistas de um momento impar para o futebol. Esses corpos incandescentes revelavam os verdadeiros deuses do futebol, transformando aquele esporte elitista em uma verdadeira congregação popular.
Setor 2 – DO CAMPO DA VÁRZEA AO ESTRELATO DOS GRANDES ESTÁDIOS: O RESPLENDOR DOS DEUSES NEGROS DO FUTEBOL
Os jogadores negros que destacaram-se por suas performances dentro e fora do campo, merecem ser enaltecidos como verdadeiros Deuses Negros do Futebol: Jogadores que marcaram seus nomes no história especialmente na dupla Gre-Nal que viram a partir da década de 1930, os jornais de grande circulação em Porto Alegre, publicar charges sobre o “Futt-ball” referindo-se ao S.C. Internacional, figura de um homem negro esfarrapado, normatizando a visão estereotipada dos racistas sobre os atletas contratados pelo Clube, que por oito vezes conquistou o Campeonato Gaúcho, com uma equipe onde pelo menos a metade dos jogadores era negra, fato que fez a equipe ser conhecida como “Rolo Compressor”
Os adversários também associavam as vitórias do Inter à ‘magia negra’, fazendo com que o clube adotasse a figura do Saci-Pererê, menino negro que prega peças, como mascote, oficializado como único talismã negro entre os times da série A do campeonato brasileiro.
Os torcedores que não tinham condições financeiras para adquirirem o ingresso para acessar as arquibancadas do Estádio Beira Rio, assistiam os jogos no setor popular intitulado Coréia. O reduto mais negro do estádio, era localizado no mesmo nível do gramado e, por essa razão os torcedores assistiam as partidas de pé.
A cor preta, que tinge a bandeira do Grêmio Foot-ball Porto Alegrense, reverbera no talento daqueles que tantas glórias conquistaram, marcando seus nomes nos anais da história do time. Em campo, a pele desses Jogadores reluzia feito o negro céu da noite, confundindo-se com a cor que tinge o uniforme defendido com bravura e galhardia. A estrela dourada e solitária bordada na bandeira azul, preta e branca, homenagem ao Lateral Esquerdo do Grêmio e que também conquistou o tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira, em 1970.
Setor 3 – NÃO É MIMIMI. É RACISMO!
Porém, no século XXI os noticiários esportivos não mostram somente os belos gols marcados por essas estrelas negras. “A macacada estrelando os noticiários do mundo todo, denunciando que não é mimimi. É racismo!” Os casos de racismo no futebol que acontecem no mundo, ganham proporções enormes e a luta se faz necessária, denunciando o preconceito desferido aos jogadores negros dentro e fora de campo. Macacos e bananas estão protagonistas nas manchetes reveladas pela imprensa nacional e internacional, acusando os atos recorrentes e que não podem ser tratados como normativa.
O preconceito é um monstro abominável que desfere ataques covardes, deixando irreparáveis cicatrizes, que sangram a carne e a alma. A real face desse monstro, que possui a cor branca, ao contrário da cor que sempre o atribuem: o preto. O racismo que provoca profundos ferimentos e tenta invisibilizar a presença dos jogadores negros no futebol não vencerá esse jogo: “Fogo aos racistas!”
Ardilosos, os cartolas ao enxergarem que os atletas negros também eram habilidosos, os clubes passaram a desejá-los, mas isso foi comercial, nunca foi uma resposta contra o racismo. Muitos toleram os atletas negros porque dão dinheiro ou títulos.
O racismo no futebol é deflagrado quando racistas, disfarçados de torcedores, jogam cascas de banana contra jogadores e árbitros, chamando-os de macacos sem precisar fazer uso do verbo. Essas ações agressivas acontecem dentro e fora de campo, sendo normalizada por grande parte da sociedade.
Porém, a Deusa grega Themis e o africano Orixá Xangô, ao som da velha e boa Charanga, anunciam novos tempos:
Setor 4 – A COR DO FUTEBOL
As torcidas “rivais” estão juntas na luta por justiça racial. Elas que são coletivos que nasceram para promover a igualdade e a democracia. Sendo assim, não há espaço para agressões físicas, nem mesmo verbais, que proferem insultos preconceituosos e racistas. A união de todas as torcidas contra o racismo é um sonho de paz e uma pacífica explosão de alegria. Um Sim à Liberdade de expressão, à igualdade e à democracia e um não, ao desrespeito, ao Racismo”
Que nós lembremos de Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé, uma lenda do futebol mundial e uma das personalidades mais icônicas da história do esporte. Sua habilidade excepcional dentro de campo o consagrou como o Rei do Futebol, referência para muitas gerações de meninos e meninas que sonharam um dia ser um “Pelé” ou uma “Marta” nos campos da vida.
O racismo no futebol também tenta apagar e silenciar os atletas que professam a fé nos cultos às religiões de matriz africana, tentando cataloga-los como “adoradores do demônio” e agridem aos que ousam exteriorizar sua religiosidade.
Mas dentro de campo a luta deve continuar, que em cada comemoração possamos celebrar nossos ancestrais, nossa cultura, nossa religião, ferindo com a flecha certeira de Oxóssi todo e qualquer ato de discriminação racial, laroyê Exu!
Que os dribles desconcertantes do menino negro vestido de branco merengue, condenem aqueles que insistem em ver na cor da pele algo inferior. Que os dribles sejam sinal de resistência. Se a função do sistema é calar, drible! Feito um grito de libertação, drible! Se pensar em desistir! Resista! E faça o mundo curvar-se ao seu talento e não a cor de sua pele! sua fé aos deuses cultuados no Candomblé.
No futebol não há espaço para a segregação instigada pelo preconceito. O esporte, por natureza, promove a celebração da vida através da união de todos os credos, etnias, mulheres e homens.
A uma década nasceu em Porto Alegre um projeto com objetivo de monitorar e divulgar, através de seus canais, os casos de racismo no futebol, assim como ações informativas e educativas que visem erradicar a intolerância que tanto macula a democracia das relações sociais. O futebol hoje cede seu espaço para que negros e negras denunciem o genocídio da juventude negra, a intolerância religiosa e a desigualdade racial. Ainda não transformamos o espaço do futebol num local de respeito as diferenças, mas estamos no caminho, afinal novas Leis têm surgido, novas regras, ações de inclusão e diversidade. O Observatório da Discriminação Racial no Futebol, que em 2024 completa 10 anos, tem papel fundamental no aumento do debate e de ações de conscientização e educação relativas ao racismo no futebol.
A coragem de transgredir os limites impostos pelos padrões eurocêntricos e preconceituosos, impulsiona os talentosos jogadores negros conscientes do seu papel na sociedade, à marcarem um gol contra o racismo. Na noite de carnaval faremos do Porto Seco um estádio contra o racismo e juntos, na maior festa popular da terra, não nos calaremos em busca de respeito! A cor do Futebol é preta! A cor do Futebol é laranja! Preto e Laranja da Imperatriz!
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