PORTO ALEGRE | GRUPO OURO
FIDALGOS E ARISTOCRATAS FARÁ UMA HOMENAGEM AO RÁDIO NO CARNAVAL 2025
A SRBC Fidalgos e Aristocratas levará para o Complexo Cultural do Porto Seco em 2025 uma homenagem a um dos grandes avanços da comunicação mundial: o rádio.
Com o enredo “É Hora de Sintonizar, o Show Vai Começar! Eu Sou o Rádio, a Voz do Brasil!”, a Tricolor da Ipiranga fará uma viagem pela evolução radiofônica, iniciando com o Padre Landell de Moura, passando pela primeira transmissão de rádio do país, que completou cem anos em 7 de setembro de 2022, pela Era de Ouro do veículo, programas de auditório, show de talentos, até chegar no futuro que, na verdade, já é o presente.
A Fifi será a primeira escola a desfilar pelo Grupo Ouro no sábado, dia 15 de março, na Passarela Carlos Alberto Barcellos Roxo.
O samba-enredo da Fidalgos para o próximo ano ainda está em produção.
Confira a sinopse completa:
É HORA DE SINTONIZAR, O SHOW VAI COMEÇAR! EU SOU O RÁDIO, A VOZ DO BRASIL!
Bruxo ou Inventor? Na Verdade, o Padre Foi o Precursor.
“Toquem o Hino Nacional!” Essas foram as primeiras palavras que o padre brasileiro Roberto Landell de Moura disse na inédita demonstração pública de transmissão de rádio, em 16 ele julho ele 1899. Sim… O Rádio no Brasil foi inaugurado, iniciado pelo gaúcho que ligou o Colégio Santana, em São Paulo, à Ponte das Bandeiras. A transmissão foi de voz e música. Mas que não conseguiu a repercussão desejada, alguns religiosos se indignaram quando souberam que um padre estava fazendo “bruxarias”. Dois dias depois da demonstração, meia dúzia de fiéis invadiu o modesto laboratório do religioso para quebrar tudo.
Mas, a história do rádio no Brasil começa, oficialmente, em 7 de setembro de 1922, com a transmissão da fala do presidente Epitácio Pessoa em comemoração ao centenário da Independência do país. O discurso do presidente Epitácio Pessoa foi transmitido por meio de uma antena instalada no morro do Corcovado e alcançou receptores em Niterói, Petrópolis e São Paulo. Nascia ali o rádio brasileiro, com a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Edgar Roquette-Pinto. Porém, a instalação do rádio de fato ocorreu apenas em abril do ano seguinte com a criação da “Rádio Sociedade do Rio de Janeiro”, com transmissor instalado na Escola Politécnica, na cidade que àquela época ainda era a capital federal.
Neste dia o Presidente citado mandou que todos sintonizassem no rádio para escutar o pronunciamento e a trilha musical da primeira transmissão oficial foi a ópera “O GUARANI”. E que também se tornou até hoje a abertura musical de um dos mais tradicionais programas do rádio nacional: A VOZ DO BRASIL.
E o Rádio Brasileiro se propagou, expandiu e cresceu. Com lembranças marcantes, inesquecíveis, como a Hora da Ave Maria, óe famosos artistas e de comunicadores inigualáveis.
O Radio Brasileiro ganhou o povo, se popularizou, virou sinônimo de informação, diversão e difusão. Uma caixa de surpresa de onde o povo foi conhecendo a cada hora e programa um artista capaz de prender sua atenção.
A Chegada da Rádio Nacional e o Início da Era de Ouro no Brasil
Em São Paulo a Rádio Record começa a se posicionar como representante desenvolvimento revolucionários.
“A Sociedade Rádio Record iniciou sua atuação em prol da Revolução Constitucionalista antes mesmo de ela ser deflagrada. A cidade de São Paulo vinha assistindo a manifestações contra a ditadura de Getúlio Vargas e pró-constituição já há algum tempo. Numa dessas manifestações, em confronto com a polícia, quatro estudantes morreram e outros estudantes, então, ‘invadem’ a Rádio Record e leem o seu manifesto”, conta a professora e pesquisadora Maria Elisa Pasqualini.
Revolução à vista, a Rádio é prenúncio de mudanças. Dois meses depois, a mensagem de renúncia do então interventor de São Paulo era enviada diretamente para a Rádio Record e lida no ar. Neste período, a emissora ganhou a alcunha de “Voz da Revolução”. Foi justamente neste período que surgiu uma inovação: o primeiro jornal falado da história do rádio no Brasil.
No Rio Grande do Sul, era a Rádio Gaúcha que começava a fazer história ao reforçar a identidade cultural da região. Em 1931, a Rádio Gaúcha transmitiu o primeiro jogo de futebol na Região Sul (entre Grêmio e a seleção do Paraná).
No ano seguinte, a Gaúcha fez a transmissão da Festa da Uva em Caxias do Sul e se colocou como voz de contraponto à Rádio Record na campanha pela Revolução Constitucionalista. Com o passar dos anos, a Gaúcha passou a reforçar o foco na programação regional e em ouvintes do Rio Grande do Sul.
No Brasil, o rádio atingiu seu apogeu em 1930, como principal veículo de comunicação em massa, na mesma época em que o país era governado por Getúlio Vargas. Nesse período, iniciou-se a chamada “Era de Ouro do Rádio”, quando ele se popularizou e tornou-se um meio de entretenimento. Em 1931, no governo de Getúlio Vargas, surgiu interesse para regular a atividade da radiodifusão. Naquele ano, o governo publicou um decreto que tinha como principais aspectos a concessão de canais para entes privados e a legalização da propaganda comercial.
A liberação das propagandas nas rádios trouxe desenvolvimento às emissoras, que puderam investir mais, visto que agora possuíam recursos para tanto.
No sentido contrário da MEC, outra emissora é criada para se tornar hegemônica na época: a Rádio Nacional.
Alô! Alô! Aqui Fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!
Com essa frase o locutor paulista Celso Guimarães inaugurou a PRE-8, a Rádio Nacional.
Sediada no imponente edifício do jornal A Noite, a Nacional entrava no ar ao som da canção “Luar do Sertão”, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense.
Inicialmente, a Rádio Nacional segue a trajetória das outras emissoras da época.
Foi em 1940 que a história da emissora muda. Em meio à ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, a Nacional é estatizada pelo governo. De um lado, foram feitos investimentos pesados em tecnologia (para aumentar o alcance da emissora) e em novos produtos. De outro, a rádio passava a servir a um projeto de governo e de valorização de uma cultura brasileira.
“Todos os investimentos que foram feitos na emissora foram para servir a um projeto político que ficava um pouco disfarçado ali em meio a uma programação de uma emissora comercial. Por trás, o que valia mesmo era o projeto político e a ênfase muito grande em Brasil e em cultura brasileira, que também era uma maneira de reforçar esse projeto político do Vargas para o rádio”, ressalta a pesquisadora Sonia Virgínia Moreira.
O resultado foi a contratação de artistas que eram de outras rádios, a criação de produtos inovadores como as radionovelas (com destaque de sucesso a “O Direito de Nascer” e o “Repórter Esso”, principal rádio jornal do país por ano, e a liderança de audiência na Era de Ouro do rádio.
Enquanto a Nacional, com a ajuda do governo federal, se consolidava no cenário radiofônico da época, outras emissoras surgiam e, ao seu modo, contribuíam com inovações. Uma delas é a Rádio Inconfidência de Minas Gerais. Criada em 3 de setembro de 1936, a rádio, já na fundação, tinha um equipamento de ponta financiado pelo governador do estado Benedito Valladares. Em termos de inovação, além da possibilidade de fortalecer o conteúdo voltado aos mineiros, o programa “A Hora do Fazendeiro” se destaca. Criado apenas cinco dias após a fundação da emissora, o programa é o primeiro voltado às atividades agrícolas no mundo. No ar até hoje, o “A Hora do Fazendeiro” é, de acordo com Nair Prata, o programa que está há mais tempo no ar sem qualquer interrupção no país.
O rádio também exerceu importante papel para a consolidação do golpe militar. Por isso, para compreender o período em questão, é importante conhecer os momentos históricos transmitidos pelo rádio e sua programação. Foi através desse veículo, por exemplo, que as pessoas ficaram sabendo da movimentação das tropas militares e da deposição do presidente João Goulart. Foi por ele também que um deputado fez um discurso pedindo que as pessoas resistissem ao golpe. Logo após o golpe, as lendárias rádios Nacional e Mayrink Veiga sofreram com a intervenção do regime. Diversas pessoas foram demitidas e concessões foram cassadas. Sabendo da importância do meio, o regime criou o “Projeto Minerva”, de educação a distância através do rádio.
A resistência contra a ditadura também passou pelas ondas radiofônicas. Um manifesto do líder da Ação Libertadora Nacional por exemplo, foi transmitido pela Rádio Nacional, após a invasão dos estúdios por um grupo de guerrilheiros.
Além disso, houve quem resistisse corajosamente nos grandes veículos, como no caso do jornalista Vicente Leporace, do programa “Trabuco”, transmitido pela Bandeirantes. Ele criou um formato único em que lia e comentava as notícias do dia com acidez. Seu estilo contundente e irônico lhe causou diversos transtornos com os censores. O “Repórter Esso” também marcou história no rádio, com seu jornalismo dinâmico.
Um pouco antes, em 1934, foi criada a rádio Kosmos. Fundada por Alberto Byington Jr. como uma emissora de elite e que promovia grandes saraus para pessoas da alta sociedade de São Paulo (sempre transmitidos ao vivo), a Kosmos entrou para a história em 1938 ao, em rede com as rádios Cruzeiro do Sul de São Paulo e Rio de Janeiro e rádios Clube de Niterói (RJ) e Curitiba, transmitir a primeira Copa do Mundo em rádio diretamente da França.
A iniciativa da chamada rede Verde e Amarela no esporte suscitou uma guinada na programação da Kosmos que, em 1939, passa a se dedicar a transmissão de partidas de futebol. No ano seguinte, a Kosmos vira Rádio América e também se dedica à transmissão de eventos como o carnaval de rua na década de 1940.
Durante o regime militar, foi veículo de programas diversificados, como radionovelas, jornais fala dos programas musicais e de variedades. Sua popularidade era tanta que o governo militar também utilizou o rádio para disseminar suas propagandas e programas oficiais para além das funções que o rádio já exercia no cotidiano nacional.
Longe de competir com a TV, ele a completava em muitos casos. O “radinho de pilha” era um companheiro inseparável dos trabalhadores mais pobres, não só no local de trabalho, mas também no caminho de volta para casa, nas primeiras horas da manhã, ou na solidão dos dormitórios. Para a classe média, a rádio FM e o aparelho de rádio no automóvel mantiveram a audiência do veículo, apesar do consumo crescente de televisores. O rádio, muitas vezes esquecido nos panoramas da época, ainda era parte fundamental na rotina da população brasileira. Nos anos 1960, o rádio ainda era o principal veículo de comunicação de massa no Brasil e era por meio dele que as pessoas se informavam e se divertiam.
Nos anos 1970, vieram as rádios FM e a TV passou a ser o mais importante e valorizado meio de comunicação de massa, roubando grande parte da fatia publicitária antes destinada às rádios. As radionovelas, sucesso nos anos 1940 e 1950, desapareceram nessa década e o entretenimento da rádio passou a ser, em sua maior parte, musical, com emissoras direcionadas a públicos específicos.
Programas variados foram sendo a diversão, alegria e frenesi dos brasileiros. Programas de comediantes, que faziam rir, que distraíam, que tornava mais popular o rádio no Brasil. Um dos programas humorísticos pioneiros do rádio era escrito por Renato Murce e se chamou “Piadas do manduca”. Era uma escolinha de adultos e crianças. Ficou no ar durante 25 anos, obtendo os primeiros lugares junto ao Ibope. Ia ao ar aos domingos às 8 e meia da noite, perante o auditório lotado da Nacional.
Outros programas humorísticos da Rádio como PRIMO RICO E PRIMO POBRE, EDIFÍCIO BALANÇA, MAS NÃO CAI, entre outros.
A comunicação de notícias em massa, avisos, anúncios, declarações, tudo chegando a grande massa de uma só vez, pelos ouvidos se informando.
O rádio é o grande amigo das donas de casa, parceiro de todo dia (o dia todo). Musicalizando, entretendo.
Horóscopos e previsões, receitas e infusões. Culinárias apaixonas, cartas e declarações de amor, em um good times de recordações.
A fé pelas ondas sonoras, programas religiosos, orações, correntes e o sagrado Angelus.
As ondas do rádio além das músicas e diversões. Importância de precaução. Policiais, médicos, a comunicação em guerras e na rotina. Ajudando ao povo a se desviar dos problemas. A comunicação via rádio em guerras e soluções.
O radialista se torna a voz da interação, da difusão, da comunicação. A voz da informação. A voz que virou profissão.
E o rádio entra na era da inovação, nos avanços futuristas. Novas criações, novas conexões. A rádio se expande, se reinventa, se reconecta, se multi conecta através da internet. Se torna pessoal, se torna playlist, se torna escolha individual.
E hoje a Rádio da era de ouro, a era atual, é espetáculo do meu carnaval.
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